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Música, divulgações, diversões, meio ambiente, cultura, divagações e boas conversas. Não necessariamente nessa ordem :-)

segunda-feira, 7 de março de 2016

O Cinema

A mais linda de todas as mães!

Acho que todos sabem que minha família inteira é ligada à música desde sempre. Mas acho que pouca gente sabe que toda a família comunga de uma segunda paixão, um hobby comum, que não foi combinado, mas também acredito que esteja no DNA e nos une nas horas vagas: o cinema. Desde que nasci nomes como Cary Grant, Deborah Kerr, William Holden, Jane Powell, Ava Gardner, entre muitos, eram falados na minha casa, como se fossem pessoas da família. Meu pai sabia tudo de cinema e minha mãe também. Conheciam todos os atores contemporâneos deles, os mais antigos, sabiam tudo de cinema mudo, mesmo sendo da geração de transição, falavam de histórias, atores e filmes com paixão. 

Meus irmãos nunca ficaram atrás. Fernando tem o requinte de saber os nomes de todos os atores coadjuvantes e dos que entram mudos e saem calados de qualquer filme, de qualquer época! Tanto ele quanto Zeca, aprimoraram o conhecimento de meus pais e sabem tudo de diretores, produções, anos de filmagens. Enfim, isso não é um estudo. Eles sabem porque sabem, porque guardam, porque leem uma única vez e a informação fica. Como são de outra geração, ampliaram o espectro e incluíram os mais modernos. Isso passou para os meus sobrinhos, que foram também além e incluíram sua geração e as seguintes. Bom, o fato é que todos nós, de um jeito ou de outro, gostamos e conhecemos o assunto naturalmente. Eu me interesso pelo tema desde sempre, assisto de tudo, até coisa ruim, só para poder comentar. É mania, é prazer, é o que relaxa, é o que une a família depois de um dia cansativo e é o que nos conecta aos pensamentos fugidios de minha mãe.

Música e cinema são matérias que nos possibilitam entrar em seu universo cada vez mais particular e longínquo, são linguagens que nos ajudam a compreender o que resta dessa pouca memória e que ajudam a perceber, lá no fundo, uma certa conexão com o mundo. Poucas coisas despertam seu interesse, muito poucas hoje em dia, mas essas duas artes provocam nela boas sensações que vamos explorando cada vez mais, terapeuticamente, incansavelmente.


Resolvi investir e comprar todos os títulos dos filmes de seu tempo que encontro pela internet. Foi assim que resgatei preciosidades do cinema musical, dos dramas e comédias  e todos aqueles nomes que povoavam minha casa e que hoje, tão familiares, voltam a fazer parte de nosso dia a dia. Audrey Hepburn linda em Bonequinha de Luxo e A Princesa e seu maravilhoso Plebeu Gregory Peck, Gene Kelly cantando na chuva lindamente ao lado de Debbie Reynolds,  bem antes dela dar à luz a princesa dos Jedis, Leslie Caron e sua eterna cara de criança, Cyd Charisse e as pernas mais famosas de Hollywood, Ginger Rogers arrasando nos braços de um levíssimo Fred Astaire, Grace Kelly e Rita Hayworth, sempre lindas. E que trilhas! Como é linda a música tema de Tarde Demais Pra Esquecer – An Affair To Remember! George e Ira Gershwim, Leonard Bernstein, Richard Rogers, Cole Porter reinando absolutos em trilhas inteiras. Noviça Rebelde, o meu favorito pra sempre, que músicas são aquelas???

Que delicia ver isso tudo novamente, mergulhar no glamour dos clássicos do cinema e resgatar, de certa forma, o brilho no olhar de minha mãe.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Paulinho Black e as memórias...

Eu e Paulinho Black

Das coisas inusitadas da vida! Em meu show-entrevista para Ricardo Brito, pro nosso Programa Encontros, na Rádio Roquette-Pinto tinha um publico pequeno porém seletíssimo e entre os presentes, Paulinho Black, um dos maiores bateristas desse pais, que já tocou com Deus e todo mundo e com quem tive o enorme prazer de trabalhar lá nos primórdios dos séculos!

Nossa história musical é no mínimo curiosa e agora faço questão de conta-la até para que não se perca nas esquinas da memória. Estava eu começando a vida musical, cheia de planos e sonhos, quando minha prima e grande cantora, Rosaly Lima, me chamou pra fazer parte de um trabalho especial, pilotado por ninguém menos que Luís Carlos Vinhas! Ele mesmo, o grande nome do piano brasileiro, da bossa nova, da noite carioca, de mil aventuras. Ele precisava montar uma banda para um projeto de bossa-nova, financiado por um empresário quente, que trabalhava com gente graúda do futebol.

Pois bem, Vinhas formou o time: ele no piano, Tião Neto no baixo acústico, Paulinho Black na bateria, Ricardo Pontes de sax e flauta, Rosaly e eu cantando. A proposta era “milionária”, íamos embarcar em poucos meses para o Japão, percorrer o país inteiro e depois, Europa! Ganharíamos regiamente para ensaiar, sairíamos daqui com CD e um material maravilhoso de vídeo nas mãos e ganharíamos o mundo. O céu era o limite! Pra mim então, seria de Copacabana para os píncaros da fama internacional!  Uau!

Primeiro mês de ensaios, uma beleza! Trabalhávamos todos os dias da semanas num estúdio,  tudo pago, preto no branco. Segundo mês fizemos a gravação dos áudios, um vídeo no estúdio da TVE, ensaios regulares e alguns atrasos no pagamento, meio chato, mas vamo que vamo. Terceiro mês....apertem os cintos, o piloto sumiu! E não houve meio de acharmos o sujeito, nem Tião Neto que encabeçou o levante pra reaver nosso dinheiro e saiu esbravejando aos quatro cantos, nem milhares de telefonemas, incertas no escritório, nem tentativa alguma! O homem sumiu na bruma sem deixar rastro.

E com ele foi-se embora o projeto, o Japão, o CD e todas as nossas expectativas depositadas nesse empreendimento. De bom sobrou a amizade com esse povo bom, um registro em áudio bacana e muita história pra contar, além é claro de muitas risadas depois que o tempo passou e a bronca se dissipou.


Grande Paulinho Black! Saudade do Tião e do Vinhas que já partiram, saudade sempre de Ricardo Pontes e Rosaly, que agora mora em Sampa. 
Beijos muitos pra todos vocês!

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